terça-feira, 28 de julho de 2009

Em especial: aos que vão envelhecer!

- Por Tábata Tuany


“Minha dor é perceber que apesar de termos feito tudo o que fizemos; ainda somos os mesmos”


É cada vez mais frequente as agressões feitas contra os idosos; é estranho pensar que filhos e netos acham-se “justos” ao ponto de agredir e ferir aqueles que deram inicio as suas vidas.
Felizmente, eu cresci no meio de pessoas mais velhas; sempre gostei das pessoas, mas é incrível como sempre gostei dos “velhinhos e das velhinhas” que por instantes me adotam como “minha filha; que bom que você veio”!Eles que trazem aquele brilho no olhar, “aquela emoção” que jamais sentiríamos se não nos contassem com tanta firmeza as historias de suas vidas.
Aqui em Pedro de Toledo existem grandes histórias; grandes personagens reais de que a vida é mais do que tudo aquilo que a gente acha ser – ou seja, meus jovens, você e eu não sabemos de muita coisa, ainda somos jovens, ainda não vivemos tudo, ainda não aprendemos a viver como deveríamos – mas ressaltando o compromisso deste blog de “ser luz sempre” repito que é necessário mudanças em nossa vida. Não devemos mais ser coniventes com as coisas que ferem e destroem aquilo que um dia seremos.
- Era manhã de sábado – faculdade – frio e chuva – fui a uma “Residência” para idosos fazer uma matéria; queria uma historia fabulosa, incrível!Mas incrível mesmo foi a minha insegurança de estar ali; eu não queria estar ali e presenciar aquela solidão cada vez mais forte; cada vez mais triste. Chorei escutando a historia da vida da Senhora de Azul*, aquela historia era diferente; não existiam tristezas, mas existia um vazio, o tal vazio de estar em um lugar que não é possível chamar de lar e sim de “residência para idosos”. Ali naquela residência existia alguém que foi e era muito feliz de ter nascido e “sobrevivido”, “- Graças a Deus minha filha eu nunca tive problemas; tive perdas, mas a vida é assim; devemos dar lugar aos outros, tive tudo o que precisei, sou feliz!”, ressalta a Senhora de Azul*.
Ao olhar para os lados; vi e ouvi muitas historias tristes; de incertezas que cruzam todos os dias o coração daquelas pessoas; - Quem eram antes de estar ali, o que faziam, existe família, foi o tempo que passou e as pessoas não se deram conta!
Não obtive nenhuma resposta em palavras, mas é certo que na lágrima e na esperança de cada um – houve resposta; não havia visitas, não havia quem se importasse! E mais uma vez aquela dor em meu peito me avisava; que nessa vida louca de “jornalista” encontraria muitas, mas muitas Senhoras de Azul; sem problemas, sem tristezas, mas que ainda assim o vazio estava presente na vida daquele e de tantos outros asilos.
E eu senti mais uma vontade louca de mudar este mundo, certo dia escutei essa frase “As minhas mãos jamais serão como a sua novamente; mas um dia as suas mãos serão como as minhas”; a vida é assim!

É triste saber que eles esperam atrás das janelas que foram as suas vidas; dos momentos que jamais voltarão; no qual eles estavam presentes; donos da sua própria vida; quando serviam aos outros; quando eram felizes. E eles esperam os filhos que jamais chegarão ali; até que esses filhos fiquem velhos e os seus próprios filhos os coloquem ali. É um ciclo; que só você pode quebrar.
Sejamos Polidos com os mais velhos ou seremos eternamente infelizes.

[*Senhora de Azul – Aquela que ainda no vazio, vive na esperança – o céu é o limite para aqueles que esperam*]

Um comentário:

  1. Tenho refletido muito sobre esse assunto ultimamente. Os anos passam e vamos nos tornando "velhos" também. Confesso que não gosto muito dessa palavra por se tratar de um termo que é aplicado a tudo o que está com validade vencida ou então que deva ser trocado. Talvez se substituíssemos "velhos" por "experientes" não pesaria tanto. Conviver com eles em nossa volta é maravilhoso, quando sabemos valorizar isso. Nossos "experientes" têm tudo de bom para nos dar, além de tudo o que já nos deram por toda uma vida. Perder um deles foi uma experiência muito difícil na minha vida. Hoje peço a Deus sabedoria e paciência para conviver com os meus experientes que ainda tenho, enquanto os tenho. Que Deus me dê forças para aceitar que ficarei um dia sem eles e que num outro dia... serei igual a eles.
    O texto está perfeito,
    um beijo no coração.
    Marly

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